A coordenadora do colégio Goyases, Simone Maulaz Elteto, relatou em entrevista ao programa Fantástico, da como conseguiu convencer o adolescente de 14 a parar de atirar e a travar a pistola.
Simone contou que correu até a sala do oitavo ano após ouvir os disparos. Quando chegou, os alunos já haviam fugido e a classe estava vazia, com exceção de três adolescentes caídos no chão, João Pedro Calembo e João Vitor Gomes, ambos de 13 anos, estavam mortos e uma garota, ferida (ela continua internada até hoje).
Segundo a coordenadora, o garoto estava alterado, pedia para que chamassem o seu pai, e não quis entregar a arma na primeira oportunidade.
Simone, então, fez um apelo para que ele se acalmasse e o convenceu a ir à biblioteca, um lugar mais reservado dentro da escola, mesmo assim, ele continuava com a arma em punho destravada.
“Eu fiquei com muito medo de ele entrar nas salas onde havia outros alunos. Eu tive que impedi-lo. Nesse momento, eu me posicionei em frente a ele, sem movimentos bruscos. A arma ficou posicionada no meu abdômen, a mão direita eu coloquei no ombro dele e a mão esquerda eu fui empurrando devagar para o rumo da parede, em direção a uma sala que eu sabia que estava sem alunos. Depois consegui segurar a mão dele com as duas mãos e falei: ‘vem comigo. tudo vai ser resolvido”, relatou a coordenadora que trabalha no colégio há mais de dez anos.
Já na biblioteca, a coordenadora escolar tentou tranquilizar o garoto, segurando em sua mão e levando-a a apontar a arma para o chão, quando de repente os policiais entraram na sala gritando para que ele largasse a pistola e se deitasse no chão.
“Nesse momento, ele largou a arma. Mas eu fiquei segurando a mão dele porque tive medo que ele ainda pudesse atirar contra os policias, atentar contra a vida dele ou contra a minha própria”.
O adolescente de 14 está apreendido na Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (DEPAI) no centro de Goiânia.
Neste sábado, a Justiça de Goiás determinou que ele fique internado por 45 dias, o limite máximo previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em decisões preliminares.
Após esse período, ele pode ser condenado a ficar recolhido a até 3 anos em uma fundação para menores de idade.
A família do menino teme pela sua vida nesses lugares pelo fato de ser filho de policiais militares e pleiteia na Justiça que ele seja recolhido a um local separado dos demais internos.
Veja o relato da coordenadora
https://www.youtube.com/watch?v=Flkc6neaScA
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