Diferente do que muitos pensam, os buracos negros não sugam e engolem tudo o que chega perto deles. O que acontece na realidade é que eles expulsam a maior parte do gás do centro das galáxias. Esse fato é decorrente do vento de gás ionizado que é formado próximo ao buraco negro. No caso dos supermassivos, existentes no centro da maior parte das galáxias, eles emitem um vento que pode interagir com a própria galáxia, desta forma moldando sua evolução a longo do tempo.
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Esse processo de formação dos ventos de gás ionizado que são emitidos pelos buracos negros foi desvendado por um estudo do Instituto de Astronomia, Geofísica de Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, de acordo com o Jornal da USP.Um artigo sobre o estudo acaba de ser publicado pela revista inglesa Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Ventos dos buracos negros
De acordo com as informações do Jornal da USP, a pesquisa dos astrônomos Daniel May e João Steiner revelou que o vento é formado em dois estágios, quando o gás é ionizado e logo após expulso do centro da galáxia.
Segundo a pesquisa, no primeiro estágio, a forte radiação eletromagnética que é proveniente do disco na vizinhança do buraco negro (vento primário) impacta o toro de poeira localizado a três anos-luz do buraco negro. Esse impacto evapora o toro, ionizando e acelerando para fora parte do gás nele contido.
A segunda etapa de formação do vento, acontece quando o vento primário e um poderoso jato de partículas, colimado por um forte campo magnético central atinge uma grande nuvem de gás molecular (composto principalmente de moléculas de dois átomos de hidrogênio) localizada a 100 anos-luz de distância do buraco negro, ainda no centro da galáxia (que tem um diâmetro de 100 mil anos-luz). A energia que é injetada nesta nuvem é então espalhada através de um vento térmico (chamado vento secundário), sendo capaz de soprar o gás para regiões muito mais distantes do núcleo.
Fonte Jornal da USP